Cigarrinha-do-Milho: Prevenção e Manejo Inteligente para uma Colheita Produtiva
Com a chegada do fim do vazio sanitário na maioria dos estados do Brasil, inicia-se agora o plantio da safra 2024/2025. A estimativa do Portal Safras para a temporada é uma produção de 134,916 milhões de toneladas de milho. Mas, junto com isso, também chega a época de um dos insetos que mais causa danos à lavoura: a cigarrinha do milho. Antes mesmo de iniciar o plantio é preciso estar atento e tomar todos os cuidados para evitar prejuízo na hora da colheita. Neste artigo vamos entender quais os danos que esse inseto pode causar na cultura, como ocorre a transmissão de patógenos, os sintomas de uma planta infectada e muito mais.
Afinal, o que é a cigarrinha do milho?
A cigarrinha do milho, Dalbulus maidis, é considerada um dos insetos transmissores de patógenos mais comuns no cultivo do milho.
Principais características
O seu desenvolvimento desde o ovo até a maturação da vida adulta ocorre relativamente rápido, variando de 15 a 27 dias, sendo diretamente influenciado pela temperatura do ambiente. Na fase adulta, a cigarrinha apresenta coloração amarelo-palha e um tamanho pequeno, cerca de quatro milímetros.
Reprodução
A Engenheira Agrônoma e Supervisora Técnica da Life Agro, Sabrina Fernandes, indica que o inseto pode viver entre 45 e 70 dias na lavoura, onde em condições ideais, é capaz de produzir de quatro a seis gerações durante uma única safra. Estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostram que fêmeas podem depositar até 14 ovos por dia. Considerando uma média de vida de 58 dias, são mais 800 ovos depositados durante seu ciclo.
Alimentação e transmissão de doenças
A cigarrinha se alimenta, basicamente, da seiva do milho. Também é assim que adquire os chamados molicutes, agentes causadores de doenças.
Como acontece a transmissão das doenças?
Uma cigarrinha saudável, após adquirir o patógeno de plantas que já estão doentes, precisa de 3 a 4 semanas para ser capaz de infectar novas plantas. Depois desse período, os molicutes se multiplicam, circulam no corpo da cigarrinha e atingem sua glândula salivar. Sabrina indica que depois desse período, a cigarrinha pode infectar as plantas e transmitir os molicutes por até 4 semanas, sendo que um único inseto pode contaminar várias plântulas por dia. Nesse processo, as cigarrinhas com molicutes tornam-se transmissoras.
Sabrina explica que as cigarrinhas portadoras dos molicutes espiroplasma e fitoplasma, “transmitem esses patógenos ao se alimentarem de plântulas de milho sadias, infectando as plantas de forma sistêmica”. Eles se alojam e colonizam os vasos condutores do milho (os chamados floemas), impedindo a movimentação de fotoassimilados, responsáveis por fornecer energia para o desenvolvimento da planta. Isso causa problemas fisiológicos, hormonais e bioquímicos, prejudicando assim o desenvolvimento e, consequentemente, reduzindo a produtividade.
Todas as cigarrinhas transmitem as doenças?
Não, como mencionado anteriormente, somente as cigarrinhas infectadas com molicutes dos patógenos são capazes de transmitir doenças. Contudo, de acordo com a Embrapa “ainda não temos uma ferramenta prática que ajude a identificar a campo, quais estão ou não infectadas.”
Doenças causadas pela cigarrinha do milho
A cigarrinha transmite os patógenos responsáveis pelas doenças conhecidas como enfezamentos do milho. Existem dois tipos de enfezamento: vermelho e pálido.
Enfezamento Vermelho
Causada pelo molicute fitoplasma, tem como principais sintomas o amarelecimento e/ou avermelhamento das folhas, geralmente iniciando pelas bordas, perfilhamento e proliferação de espigas por planta. Além disso, as espigas das plantas infectadas tendem a ser pequenas e apresentar grãos mais espaçados entre si ou ainda, grãos com formato irregular que se apresentam enrugados, atrofiados e sem massa interna.
Enfezamento Pálido
Diferente do enfezamento vermelho, o pálido é causado pelo patógeno conhecido como espiroplasma. O principal sintoma do enfezamento-pálido é a presença de estrias cloróticas esbranquiçadas nas folhas, que se estendem da base em direção ao topo. Mas é importante ressaltar que, frequentemente, a planta doente apresenta apenas folhas avermelhadas, especialmente nas margens e na parte apical, além de clorose (coloração verde-pálido ou amarelada).
Importância do tratamento desde o início do cultivo
A infecção com molicutes ocorre na plântula de milho ainda em estádios iniciais de desenvolvimento, contudo, a planta apresenta os sintomas do enfezamento apenas na fase reprodutiva. Por isso, Sabrina alerta que é importante que o manejo da cigarrinha seja realizado desde o plantio, até o estágio V8. São indicadas aplicações sequenciais de inseticidas dentro da área, com o intuito de evitar a reprodução e proliferação da cigarrinha do milho.
Fatores de risco
Existem algumas condições que propiciam o surgimento da cigarrinha nas lavouras:
Cultivos em diferentes idades
No Brasil, a cigarrinha pode ser encontrada em praticamente todas as regiões produtoras de milho. Uma das condições que favorece o aparecimento desse inseto com maior recorrência, é a realização de duas safras por ano, a safra de verão e a safrinha. Outro fator que tem significante relevância para o aparecimento da cigarrinha é o cultivo de milho em diferentes idades. De acordo com a Embrapa, isso “favorece a multiplicação e a migração das cigarrinhas de lavouras com plantas adultas para novas lavouras com plântulas nos estádios iniciais de desenvolvimento”.
Clima e temperatura
Nas últimas safras, os estados que mais registraram o aparecimento da Cigarrinha do Milho foram: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Mato Grosso do Sul. Isso ocorre, em partes, devido as condições climáticas destes estados durante o período de plantio. Isso porque se a temperatura ambiente estiver acima de 17ºC à noite e 27ºC durante o dia, interfere diretamente na rápida multiplicação do agente patógeno (moliculites), tanto nas cigarrinhas contaminadas, quanto nas plantas doentes.
Resquícios na entressafra
Chamado de tiguera, o milho voluntário que fica nas lavouras durante todo ano tem uma resistência maior ao uso de herbicidas. Essas plantas permanecem na lavoura durante todo o ano, sendo um fator de permanência da cigarrinha infectada. Ou seja, a manutenção de plantas de milho nas áreas de lavoura é condição favorável para permanência dos patógenos e do vetor. Por isso é muito importante o monitoramento constante durante a entressafra do milho a fim de identificar a presente dessas plantas e eliminá-las o quanto antes.
Controle e Combate à Cigarrinha do Milho
O controle desse inseto, e consequentemente das doenças que ele transmite, é essencial para garantir a saúde das plantas e a maximização da produtividade, exigindo uma abordagem integrada que envolva práticas culturais, químicas e biológicas.
Uma das principais medidas de controle é a eliminação do milho tiguera, considerando que ele serve de hospedeiro para a cigarrinha, perpetuando seu ciclo de vida. Além disso, evitar semeaduras vizinhas a lavouras infectadas também é fundamental, pois isso reduz o risco de contaminação por áreas com alta incidência da praga.
A diversificação e rotação de cultivares ajuda a diminuir a adaptação da cigarrinha e, consequentemente, os impactos causados por ela. Já a sincronização da época de semeadura é outra técnica importante, pois ao reduzir a janela de exposição das plantas, limita-se o tempo em que as culturas estão suscetíveis à infestação. Por fim, o planejamento da aplicação de inseticidas baseado no monitoramento constante é uma prática essencial, devendo ser ajustado conforme a fase de desenvolvimento do milho e a incidência de cigarrinhas.
Soluções Life Agro para o Manejo do Enfezamento:
A Life Agro disponibiliza tecnologias avançadas que agem fisiologicamente para fortalecer a resistência das plantas contra doenças e seus transmissores, como a cigarrinha-do-milho. Entre as soluções destacadas estão: Conteri e Unlike Pine, essas duas ferramentas atuam em diferentes aspectos do fortalecimento de plantas e trabalham em conjunto para prevenir e controlar o enfezamento, promovendo uma colheita mais saudável e produtiva.
Conteri
O Conteri é um regenerador celular que fortalece os tecidos vasculares das plantas. Esse produto tem se mostrado altamente eficaz na redução dos sintomas do enfezamento, uma vez que ativa o sistema de resistência natural das plantas. Ao fortalecer os vasos condutores do milho e melhorar a circulação de nutrientes, o Conteri ajuda a reduzir o estresse da planta, aumenta a atividade fotossintética e a intensidade da clorofila, resultando em maior qualidade de grãos e aumento da produtividade.
Unlike Pine
O Unlike Pine é um indutor fisiológico de resistência, composto por substâncias orgânicas, inorgânicas e pinenos. Sua principal função é potencializar a eficiência dos inseticidas no controle de pragas, inclusive a cigarrinha-do-milho. O Unlike Pine promove a formação de compostos voláteis que irritam os insetos, fazendo com que se movimentem para área visíveis, inclusive em áreas de difícil acesso, o que facilita o controle químico.
Além disso, o Unlike Pine fortalece a planta ao estimular a produção de uma camada cerosa mais resistente na cutícula, protegendo contra estresses abióticos e ataques de pragas. Ele pode ser utilizado em todas as aplicações junto com o inseticida, garantindo maior eficiência no manejo da cigarrinha.
Conclusão
Diante da ameaça constante que a cigarrinha-do-milho representa para as lavouras, o manejo eficiente torna-se essencial para preservar a produtividade e a saúde na lavoura de milho. O sucesso no combate à cigarrinha e às doenças que ela transmite depende de uma combinação de boas práticas, monitoramento constante e o uso de tecnologias adequadas desde o início do cultivo.
A eliminação do milho tiguera, a rotação de cultivares e a sincronização da semeadura são estratégias muito importantes, que ajudam a reduzir o impacto da cigarrinha. Além disso, o uso de produtos como o Conteri e o Unlike Pine da Life Agro, oferece soluções que fortalecem as plantas e aumentam a eficiência do controle de pragas, melhorando a resistência natural do milho.
À medida que os agricultores se preparam para o plantio da safra 2024/2025, o foco no manejo preventivo da cigarrinha do milho é um dos principais fatores para garantir uma colheita bem-sucedida e produtiva. O conhecimento técnico aliado às inovações disponíveis no mercado são fundamentais para enfrentar esse desafio e assegurar bons resultados na produção.